27.9.07

Efeito do Tempo - por Lilian Milena

Gostei, roubei, publiquei:

"Neste instante sinto vontade de me agarrar a qualquer pedaço de crença que me faça resistir. Não me faço mais um poço, mas sim um grande buraco com mais largura do que profundidade. Rasa! É assim que me sinto. Se me perguntarem, não saberei responder. Se me perguntarem, eu saberei dizer. Se me olharem, saberei retribuir. Quando me desafiarem, rogarei pragas, porque hoje sei que existem bruxas. Coisas de mulher.

No entanto, por tudo o que senti nesses últimos dias, vejo, quase claramente, que no lugar das pedras existem pedras. Elas são grandes, e belas, arredondadas e me chamam para marchar sobre. Num tom de deboche, por permitir que meus dedos descrevam o óbvio, meus pensamentos me dizem que algo novo bate nesta porta. Um Novo, com um laço grande pronto para ser cortado e queimado em oferenda, com perfume leve de sândalo.

Dou mais um passo para fora de minha velha casa porque preciso entender o que existe lá fora. É nesse instante em que eu verei o que quiser e sentirei vontade de me agarrar a qualquer mestre. Sete horas depois voltarei para dentro sentindo vontade de que alguém me prove o que vi e senti. E por que alguém? Não sei.

- Lilian Milena -

23.9.07

Eu não sei dizer...


Às vezes saio com minha câmera e vejo essas cenas. Clico, claro. Mas depois eu penso de que adianta eu fazer isso. Será uma simples atração pela desgraça alheia? Que diferença faz essa foto publicada em mais um dos milhares - milhões? - de weblogs por aí? Será que isso é a reprodução do que dizem sobre jornalistas, que são todos urubus procurando pela carniça?
Ou será que essa inquietação ao ver a foto na verdade é porque, se pararmos para pensar, isso é uma situação extremamente horrível, que incomoda pelo simples fatos de sermos humanos?
Eu não sei dizer. Eu só quero mostrar.

5.9.07

Confissões por R$ 2,30

"Mas aí não quis mais não! Desde o começo eu falei pra ele 'se você largar sua mulher, eu largo de você', e foi o que eu fiz né?"
"Ah é, e quanto tempo vocês ficaram juntos?"
"Quase um ano. Quando eu conheci ele, me contou que era apaixonado pela esposa e depois vem com esse papo de que o casamento não tá indo bem? Eu não quero não. Você sabe, eu pelo menos, gosto tanto quanto vocês, sabe né...? Mas eu não quero namorar um homem desse não".

Esse diálogo edificante eu ouvi agora a noite no ônibus, enquanto voltava do SESC, onde fui fazer uma reportagem. Por favor, não digam que eu fui indelicado, na verdade eu era o único passageiro do ônibus, além da moça que contava ao motorista suas peripécias como parte de um adultério, então não tinha como não ouvir a história.

E ela contava com todo conhecimento de causa, defendendo seu ponto de vista e sua condição de 'outra'. Interessante perceber a indignação da moça só de pensar em namorar 'um homem desse', como ela disse.

Claro, onde já se viu? Ela, que só quer ser a outra, namorar um homem que ela tem certeza que trai a esposa?! De jeito nenhum! Ela quer um homem honesto, fiel. Até que a morte os separe.

Em que outro lugar você pode conhecer os segredos humanos por apenas R$ 2,30?