28.11.07

O Ponto Sem Retorno

Na entrada do labirinto ele parou e olhou para trás. Há muito tempo que a estrada era apenas uma reta no meio do deserto e raramente aparecia algum vestígio ou sinal de vida. Cinzas de uma fogueira já sem brasas ou galhos secos pela exposição ao tempo. Olhou novamente para o labirinto e se lembrou que ele já tinha estado em um lugar parecido. Sua visão só alcançava até a primeira curva à esquerda e a visão era bonita. Pelas paredes de pedra nasciam flores brancas e azuis. As brancas tinham pintinhas pretas, as azuis brilhavam.

Ele continuou parado na entrada, mas não olhou mais para trás. Onde ele tinha passado ele se lembrava bem. A estrada vazia e um outro labirinto. Mas afastou a lembrança com um leve movimento de cabeça. A lembrança voltava como um aviso luminoso que explode na noite de uma rua chuvosa. O luminoso era vermelho.

À sua frente as flores brilhavam convidativas, e ele quase conseguia ouvir uma voz que o vento trazia. Havia um atalho que contornava o labirinto, tão vasto e vazio quanto a estrada por onde ele tinha vindo. Olhou novamente para a entrada do labirinto e para as flores. Deu um passo e foi como se as flores acendessem e iluminassem tudo. Ele deu outro passo e estava dentro do labirinto. Aquele já era o ponto sem retorno.

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