29.8.07

Eu vi um Beijo

Eu vi.
Mas não parecia um beijo qualquer, me pareceu "O BEIJO".
Estava no Parque Celso Daniel com duas amigas - a minha câmera e uma cerveja long neck - só ali observando as pessoas que vão para o parque para serem observadas.
Então me chamou a atenção uma certa movimentação que envolvia um garoto e três meninas. Duas delas estavam com camisetas e bermudas de ginástica, de lycra, nylon, ou algo assim. A outra era uma loirinha, menor que as outras duas, que aparentava uns 11 ou 12 anos. E o garoto também devia ter essa idade.
Os dois estavam visivelmente constrangidos, enquanto as duas maiores estavam eufóricas e incentivavam o jovem casal.
Saindo da movimentação típica de um parque no sábado à tarde, o casal foi procurar um local mais reservado.
Encontraram um cantinho ao lado do banheiro masculino. Que lugar para ser lembrado na posteridade hein!? Ao lado do banheiro público de um parque.
Pois bem, só vi quando o garoto colocou as mãos nas costas da loirinha, isso depois de ficar parado olhando para a cara dela uns segundos que pareceram eternos. Até pra mim!
E eis que o ato se consumou.
Se eles ouviram sinos eu não sei, mas eu ouvi um cachorro latindo e umas crianças que passavam correndo ao meu lado.
A cena quase onírica durou apenas alguns segundos.
Logo as duas outras amigas apareceram pulando e gritando. Serviço feito.

O primeiro beijo geralmente é assim, não? Lugares estranhos, esquemas armados por terceiros, aquele misto de medo, vergonha e vontade. Lembrei do meu e fui fazer umas pesquisas no orkut. Achei.

Será que eu poderia repetir agora, tantos anos depois?

25.8.07

Blaaarrggh

"Engorda porque já não cabe em si
E aumenta quando senta ao vão do vime"
- "No Entanto" - Golpe de Estado -

Sexta-feira - aliás pelo horário já é sábado.
E eu aqui na frente dessa merda de micro reclamando da vida.
Eu sei que é ridiculo, me desculpem as três pessoas que acessam o Sanctuarium.

Puta de um calor, lua brilhando lá fora, a Terra girando, o povo bebendo, fumando, bebendo, transando, bebendo, ficando louco, bebendo, beijando, não necessariamente nessa ordem, etc...

Papinho cretino, parece que eu tenho 15 anos...

21.8.07

Rock You Like a Hurricane - Scorpions, 14/08

Pensei em fazer uma resenha igual as que eu escrevo pro Território da Música, mas não vou escrever aqui como 'jornalista' e sim como fã mesmo.
O Scorpions foi a primeira banda internacional que eu assisti ao vivo, isso em 1994, no extinto Olympia. Lembro que tinha 15 anos e passei um puta medo porque não sabia chegar no local. Mas passou e foi maravilhoso.
Agora eu estava novamente com aquele frio na barriga que eu sempre sinto quando vou num show, e pra ver o Scorpions pela terceira vez. E o melhor, agora como fotógrafo!
Munido com minha credencial entrei no Credicard e comecei a observar o público. É incrível como o Rock 'n' Roll consegue juntar públicos tão diferentes em vários sentidos. Pessoas mais simples com outras de aparência sofisticada. Senhores e senhoras com mais de 50 anos ao lado de adolescentes de 15 anos. Camisetas de bandas clássicas como Beatles e Uriah Heep ao lado de Slipknot.
Depois de uma hora de atraso começou a tocar a vinheta que encerra o novo álbum, "Humanity: Hour I", um ótimo disco e um dos mais pesados do grupo. Logo em seguida o grupo entra no palco com "Hour I". Uma porrada! Legal perceber que boa parte da platéia conhecia a música e cantava as letras. Viva a internet e a troca de músicas!
A segunda música foi "Bad Boys Running Wild" e já remetou todos ao disco de maior sucesso do grupo, "Love At First Sting". Deste álbum ainda apresentaram "Rock You Like a Hurricane", "Big City Night" e , claro, "Still Loving You".
Difícil destacar algum momento. Mas particularmente fui ao delírio com a dobradinha "Always Somewhere" e "Holiday", as duas do disco "Lovedrive", de 1978. Emocionante ouvir as 7 mil pessoas no local cantando junto com Klaus Meine!
Aliás, por falar no vocalista, toda a banda está em sua melhor forma! Rudolf Schenker pula o tempo todo - e já é um senhor de quase 60 anos - além de fazer caras e poses para os fotógrafos. Mathias Jabs é mais quieto no palco mas mesmo assim muito simpático. Os dois integrantes mais novos, Pawel Maciwoda (baixo) e James Kottak (bateria) dão um peso extra aos poderosos riffs de Schenker e Jabs.
A sucessão de clássicos contou com "The Zoo", "Dynamite", "Wind of Change", "Blackout", "Send Me An Angel" e "Coast to Coast", entre outras.
Tenho que confessar que é um pouco difícil ficar ali, grudado no palco e lembrar que não posso ficar cantando, mas sim tirando fotos. Parece besteira, mas ficar tão perto de uma banda que você admira é muito emocionante!
Bom, no final, o que dizer? Foi muito bom! Isso é Rock n' Roll!
Veja algumas fotos do show na minha página de fotos:
Post Scriptum: Thaína e Lilian, essa é pra vocês!

20.8.07

- Feito Gente - Walter Franco -

"Feito gente, feito fase, eu te amei como pude
fui inteiro, fui metade, eu te amei como pude
Fui a faca e a ferida, eu te amei como pude
feito bicho que se espanta, eu te amei como pude
quando chega a morte à vida

Feito lixo que se queima, eu te amei como pude
feito chama quando arde, eu te amei como pude

Fui capacho, já fui lama, eu te amei como pude
fui herói, fui covarde, eu te amei como pude
Feito a noite, cedo ou tarde, eu te amei como pude
dói no corpo e mói a alma

Feito água, feito vinho, eu te amei como pude
feito mágua, feito espinho, eu te amei como pude

Fui o poço, pensamento, eu te amei como pude
fui a calma e a revolta, eu te amei como pude
Fui a vela, fui o vento, eu te amei como pude
a partida, fui a volta

Eu te amei como pude,
Eu te amei como pude..."


Walter Franco, um dos caras mais inteligentes da música brasileira e com certeza um dos mais injustiçados.
Mais de 30 anos após o lançamento deste álbum ele continua sendo inovador, espantoso e até estranho.
Coloquei essa letra aí porque, além de gostar muito das músicas de Walter Franco, ela diz muita coisa em uma frase só: "Eu te amei como pude".

5.8.07

"Parecia um conto..."

Ela deu risada ao lembrar daquelas cenas. "Parecia um conto", ela disse baixinho enquanto se encolhia e apertava o travesseiro.

Parecia um conto, mas não era um conto tão extremo de perversidade e crueldade como os contos que ela adorava ler. Contos que o Marquês escrevera em sua vida marcada por prisões e sanatórios. Ah o perverso Sade...

Sua história era muito mais simples, mas até tinha algo de crueldade. E ela apertou os pulsos um pouco doloridos e ainda marcados pelas algemas. Mas não foi dor o que a fez morder os lábios suavemente.

Ela esticou o braço e ligou o som: "I love your skin, oh so white. I Love your touch, cold as ice..." A própria música já era motivo para seu corpo tremer. Ela lembrou como ele pronunciava algumas frases da música em seu ouvido enquanto seu corpo pesava sobre o dela. "Oh, my baby, how beautiful you are... Gone with the sin my darling, and beautiful you are..."

O quarto ainda estava impregnado com o aroma do incenso e das velas que ela mesma levou. Um sorriso largo veio com a lembrança dele amarrado na cama e o gel da vela escorrendo em seu peito. Ela também sabia ser má.

"I worship your lips, once red as wine..." Sim, ela sabia que ele idolatrava seus lábios vermelhos. Todos os lábios, todos vermelhos, todo seu corpo. Soltou um suspiro confiante por se sentir amada e desejada.

Agora ela vivia um conto.

2.8.07

Já foi bom...

Sexta-feira passada assisti mais uma apresentação dos Titãs.

Banda formada em São Paulo no início da década de 80, fez muito sucesso com músicas que traziam letras fortes, o que não era comum na época. "Cabeça Dinossauro" é provavelmente um dos discos mais pesados que uma banda nacional já lançou. E não estou dizendo 'pesado' levando em consideração a sonoridade, mas sim o conteúdo. "Igreja", "Polícia", "Estado Violência"... está tudo lá.

É um disco crítico sem ser infantil como as bandas Punks da época, que tentavam imitar um movimento que chegou ao Brasil com pouco embasamento intelectual e ideológico.

Após a saída de Arnaldo Antunes as coisas foram mudando. O grupo ainda lançou "Titanomaquia", em 1993, um ótimo disco, que depois a própria banda questionou se aquilo era mesmo Titãs, devido ao peso das músicas.

Depois, "Domingo", "Acústico", etc...

Já assisti os Titãs em quatro ocasiões diferentes. Turnê do "Tudo ao Mesmo Tempo Agora", "Titanomaquia", "Acústico" e este, de sexta passada.

As pessoas mudam, as bandas também. O show foi legal, ainda existe uma certa energia no palco, mas transparece um ar burocrático entre os músicos. Um clima de 'obrigação'. Talvez eles tenham perdido o tesão da coisa.