31.10.07

A Janela



“Da janela lateral, do quarto de dormir...”
Não, não. Eu gosto de Beto Guedes mas não é sobre isso que eu vou escrever. Quero falar é da janela pela qual eu olho todo dia, o dia todo. É aquela bem em frente ao meu micro. Dizem que os olhos são as janelas da alma, mas e a minha janela, é o quê? A janela é minha ligação com o mundo real. É por ela que eu vejo o mundo se movimentar.

Ela fica quase na esquina, mas mesmo assim eu não tenho uma visão ampla. Mas dá para eu ver carros passando, pessoas andando... tem pessoas que passam sempre no mesmo horário. Devem estar indo, ou voltando, de algum compromisso. Emprego talvez. Tem uma senhora, velhinha, que todo dia passa aqui. Ela tem dificuldades para andar e só se locomove com o auxílio de uma bengala. Às vezes é um andador mesmo. Para onde essa senhora vai, quase todo dia, com essa dificuldade de andar? Chega a dar uma certa angústia ficar aqui, no meu camarote, assistindo a luta dela para subir a rua íngreme.

Também tem um casal, mãe e filho, que trabalham vendendo material reciclável. Papel, vidro, plástico, alumínio. Eu sempre guardo algo aqui pra dar pra eles. Todo dia é a mesma coisa: lá estão os dois, às 5h30 da manhã – essa hora não estou acordado, mas quando eu saia esse horário para trabalhar, encontrava os dois – procurando pelas lixeiras algum material que possa render uns centavos. Eles enchem o carrinho umas três ou quatro vezes. Quando acabam, a senhora passa aqui em frente com um saquinho com pães.

Tem os momentos de voyerismo também, como não? Tem uma ‘vizinha de bairro’, uhm... magra, deve ter 1,70m, pele branquinha, com um cabelão comprido, liso e negro. Ela sempre passa aqui pela manhã, acho que vai até a padaria. Aparenta ter uns 24, 25 anos, ela tem uma tatuagem na cintura, atrás, do lado direito, que fica a mostra no espaço entre a blusinha e a calça. Ainda não consegui decifrar o que é. Preciso ficar mais atento na minha observação.

Essas pessoas estão em todo lugar. Mas foi preciso que eu as enquadrasse em minha janela para poder prestar atenção nelas e imaginar quem elas são, suas vidas, seus porquês.

5 comentários:

Luiza Silvestrini disse...

Sabe a janela da sala em que eu trabalho? Todo dia vejo urubus dalí! rs*

Será que isso é um avanço? Tô contando o que eu vejo da janela! rs*

Anônimo disse...

Sempre gostei de observar as pessoas, Edu... Acho que a gente aprende muito com elas. Parece até que conhecemos cada uma delas. Nos identificamos, acreditamos que sabemos quem elas são.
Sabe de uma coisa, vou escrever sobre isso também. Claro que eu posso usar um trecho do seu texto, né, Xuxu??
haha, tempão que eu não te chamava assim, né? Não vai ficar bravo, senão eu não paro mais de falar Xuxu, Xuxu, hahahaha... Que idiota que eu to!!! Sorry, baby!
Adorei o texto. Beijão!

Anônimo disse...

Eu olho mais da janela do busão do que outra coisa

Liz disse...

Adorei isso, Edu. Esse é outro estilo seu, menos devaneio, mais observação/análise. Interessante.

E pra não perder a oportunidade: voyerismo é perversão! hehehehe Pediu diagnóstico? Toma!

Anônimo disse...

É muito díficíl as pessoas pararem para observar tudo que gira a sua volta. Eu gostaria de saber oq te fez parar e olhar pela janela naquele momento???Adorei o texto!!!bjão