15.12.07

Zahir

Ela o avistou chegando ao longe. Era fácil identificá-lo. Não que ele se sobressaisse fisicamente, não, não tinha nenhum atrativo especial, era apenas mais um na multidão. Não para ela. O que era aquilo que o distinguia ela não sabia dizer, só sentir.

Com o mesmo sorriso tímido mas olhando-a fixamente nos olhos ele aproximou-se. Ela se levantou e o beijou do lado direito do rosto, do mesmo modo como adorava fazer, bem devagar e deixando que seus lábios encostassem levemente no canto da boca dele. Ela adorava essa brincadeira e sabia que isso o deixava um pouco desnorteado.

Os dois sentaram-se e começaram a beber. Era só mais um encontro num sábado à tarde em um barzinho, não era um encontro romântico. No fundo, os dois sabiam que tudo que eles faziam era romântico. Mas de todo modo bem informal e descontraído. A mesa localizada na área externa do bar fazia com que os dois fossem acariciados pelo vento forte daquela tarde. O vento que passava pelos longos cabelos negros dela trazia o seu perfume até ele. "Ela está usando o 'Ops!'". Nesses momentos ele respirava fundo e sentia como se estivessem abraçados.

- Andei pensando muito sobre você esses dias, falou sem olhar para ele, tentando equilibrar o copo cheio em cima da mesa.
- Ah é? Pensando exatamente o quê?
- Descobri uma palavra pra definir você.
- Mas definições em apenas uma palavra geralmente não conseguem englobar a totalidade de alguém.
- É claro, seu bobo, mas é uma definição de uma parte importante pra mim.
- E qual é?
- Zahir.
- Zahir? Isso não é o nome de um livro?
- É sim, é que eu li a respeito e a definição da palavra se encaixou perfeitamente em você.
- Vou contar pros seus amigos intelectuais que você anda lendo esse cara - os dois riram da provocação.
- Você já leu as Valkirias que eu sei - ela retrucou fazendo uma careta.
- Mas afinal o que é Zahir?
- Ah esse é o seu dever de casa. Depois você procura o que significa essa palavra.

Ela sabia que ele era curioso e assim que chegasse em casa iria procurar o tal Zahir. Beberam mais alguns copos, falaram de amenidades, se provocaram de forma sutil, como há tempos os dois costumavam fazer. Na despedida o mesmo beijo que queria dizer tanta coisa - eles sabiam disso - e um abraço apertado.

Assim que chegou em casa ele ligou o computador e foi procurar o que era o Zahir. Leu a definição e sentiu um calor enrubescer seu rosto. Pegou o telefone e ligou para a casa dela.

- Oi, descobri.
- Uhm e o que achou?
- Descobri que você também é o meu Zahir.

7 comentários:

Anônimo disse...

"Segundo a tradição islâmica, o Zahir é algo ou alguém que acaba por dominar completamente o pensamento, sem que se possa esquecê-lo em momento algum." -Achei! Mas é mancada me deixar curiosa assim! Aposto que todo mundo que ler vai procurar o tal Zahir!!! Te adoro!!!

Anônimo disse...

Ah, a Luiza tem razão! Mancada isso, Edu. Também me deixou curiosa. Tive que procurar...
Achei. Descobri o significado.
Ah, que lindo esse texto, Edu.
Beijo!

Anônimo disse...

Sem palavras...

Liz disse...

Bonito, Edu... tocante, delicado, romântico e sem exagero. Mas um pouco meloso pro meu gosto. Eu sempre acabo avacalhando momentos românticos - já provoquei algumas situações embaraçosas por isso, mas não aguento, dou risada.

Bom, mas isso sou eu. Quanto a você... Eu diria que isso é coisa de gente apaixonada ou que quer se apaixonar. Olha, foi você quem deu idéia de eu analisar, não reclame, ok?

Anônimo disse...

Escreve lindo, como ninguém.
Te adoro, amigo!
...MELHOR amigo!

Unknown disse...

Cara de brincadeira elegí meu zahir aconteceu que ela se foi e meu pensamento é só ela. Não consigo fazer nada sem pensar nela!
Tá show teu blogger

Unknown disse...

Cara de brincadeira elegí meu zahir aconteceu que ela se foi e meu pensamento é só ela. Não consigo fazer nada sem pensar nela!
Tá show teu blogger